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Torres,16/09/2024

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A Zika e a dengue até 2050

Foi publicado na revista "PLOS Neglected Tropical Diseases" o estudo sobre o impacto do aquecimento em doenças de Zika e de dengue em quatro cidades brasileiras

 por pesquisadores da Escola de SaúdePública da Universidade de Michigan: "Long-term projections of the impactsof warming temperatures on Zika and dengue risk in four Brazilian cities usinga temperature-dependent basic reproduction number".

 Os vírus da Zika e da dengue são arbovírus que são transmitidosaos seres humanos pelos mosquitos Aedes aegypti e A. albopictus. A Zika foiintroduzida nas Américas em 2015, causando numerosos surtos. Como a transmissãode doenças por vetores depende da temperatura, trabalhos recentes procuramestimar como as mudanças climáticas impactarão em novas regiões. Dado osresultados preocupantes da Zika, incluindo microcefalia e síndrome deGuillain-Barré, o desconhecimento de como as mudanças climáticas influenciarãoa propagação dos vírus é preocupante.

 A dengue tem uma história mais longa na região, surgido nasAméricas no século XVII, foi eliminada na década de 1960 através do uso depesticidas, mas ressurgiu no início dos anos 1980. Desde então, a denguepermaneceu endêmica em muitos países da América Latina. Devido à isso, ela foimais estudada do que a Zika e fornece um ponto de comparação útil aoconsiderarmos o impacto potencial das mudanças climáticas desses arbovírus.

 Como resultado das mudanças climáticas, estima-se que cerca demetade da população mundial viverá em regiões geográficas que se tornarãofavoráveis para a transmissão de arbovírus até o ano de 2050. Vários fatorestornam o Brasil particularmente vulnerável além dos impactos das mudançasclimáticas. Entre eles, destaca-se o desmatamento na região amazônica, bem comoo aumento generalizado das temperaturas, ambos favoráveis à reprodução demosquitos.

 Surtos de arbovírus, como o surto de Zika no Brasil em 2015, tambémforam atribuídos em parte às condições de El Niño daquele ano, o Aedes aegypti,o principal vetor da Zika e da dengue, é particularmente adaptado paracondições quentes e úmidas. Assim, o Brasil é uma região importante paraestudar o potencial de transmissão da Zika, conforme destacado por projeçõesglobais da Zika.

Os pesquisadores utilizaram um modelo matemático do impacto devetores dependentes da temperatura no risco de doenças. Com os dados detemperatura de 2015 a 2019 e projeções para 2045 a 2049, tiveram como resultadoque o potencial epidêmico da Zika aumentará além dos níveis atuais no Brasil emtodos os cenários climáticos.

 A estação de risco de arboviroses para o Rio de Janeiroaumentará cerca de três meses, a de Zika em Recife aumentará cerca de doismeses. Com temperaturas mais baixas, São Paulo está no limite, não configurandoestar livre. Já Manaus, os pesquisadores estimam que em alguns anos a regiãoterá temperaturas muito altas, favorecendo a transmissão do Zika. Assim,medidas de contenção são necessárias e urgentes. Um trabalho para todos osgovernos federal, estaduais e municipais, incluindo senadores, deputados evereadores!

Mario Eugenio Saturno (fb.com/Mario.Eugenio.Saturno) é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano





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